Evento teve programação diversificada, com foco na cultura e contribuição dos negros na construção da sociedade

 

O Corredor Cultural de Barra Mansa recebeu neste feriado de Zumbi dos Palmares, quando também é celebrado o Dia da Consciência Negra (20/11), a Feira Afro 2021. Organizado pelo Conselho Municipal de Promoção de Políticas de Igualdade Racial – COMUPPIR e pela OICN (Organização e Integração de Conscientização Negra de Barra Mansa), com apoio da Fundação Cultural, o evento tem como objetivo se reafirmar como símbolo da luta, da resistência e da compreensão de que a negritude não é inferior e que o negro tem o seu valor e lugar na sociedade.

Segundo os organizadores, o intuito é dar visibilidade ao Conselho e abrir interlocução com as demais instituições e interessados na temática da cultura afro, visando à construção do Plano Municipal de Igualdade Racial.

O presidente da FCBM, Marcelo Bravo, explicou que a Feira Afro integra o Calendário Cultural do município, criado por meio do Sistema Municipal de Cultura e instituído pela lei 4.602/16. “O Dia Nacional da Consciência Negra foi criado para despertar reflexões e pensamentos sobre a igualdade racial. Do ponto de vista da Fundação Cultura, esta data é para valorizar, reconhecer, fortalecer, registrar e ocupar território da cultura predominantemente ou originária do povo preto. Juntamente com o movimento e as organizações de valorização da igualdade racial da cidade, entende-se que a melhor forma de manifestar suas culturas é celebrando com um dia de ocupação num local público e democrático”, detalhou Bravo.

Para a presidente da OICN e também membro do Conselho, Silvana Carvalho, a atividade reforça o combate as ações antirracistas e ao preconceito. “A Feira está sendo uma nova oportunidade de lembrar aos cidadãos a importância do negro na construção da sociedade, e valorizar a sua cultura, que pode ser expressada em vários segmentos, como a moda, a música e a culinária, com a saborosa feijoada, prato criado pelos negros e tão amado pelos brasileiros e outros povos ”, lembrou.

A Feira é realizada no município há oito anos. A edição 2021, realizada das 11 às 19 horas, contou com uma programação intensa com roda de samba com o Grupo Total Flex, apresentação do Grupo Abadá Capoeira, feijoada, batalha de poesia marginal, com Slam da Matriz, desfile Negrita Modas, pagode com o Grupo Ziriguindum, Jongo Cafezal – grupo Barra Mansa, e Baile Charme e Black Music.

Para a garotada houve contação de histórias, pintura, oficina de elaboração de marcadores de livros, além da distribuição de pipoca e algodão doce. Oficina de turbante e trancistas abrilhantaram ainda mais a Feira.

A DATA – O Dia Nacional da Consciência Negra marca a celebração e a conscientização sobre a força, a resistência e o sofrimento que a população negra viveu, e ainda vive, no Brasil desde a colonização.

Durante o período colonial, aproximadamente 4,6 milhões de africanos foram trazidos para o Brasil para servirem na condição de escravos, trabalhando primeiramente em lavouras de cana-de-açúcar e no serviço doméstico, e posteriormente na mineração e em outras lavouras.

A condição de vida dos africanos e dos negros escravizados nascidos no Brasil era extremamente precária. Além de serem submetidos ao trabalho forçado, eram submetidos a tratamento degradante e humilhante, não tendo direito a atendimento médico, a educação, entre outros serviços.

Além do tratamento degradante conferido à população negra escravizada no Brasil entre 1536 e 1888 (este último ano data a libertação dos escravos via Lei Áurea), as heranças da escravidão permaneceram. Quando os escravos foram libertos, em 13 de maio de 1888, por meio da promulgação da Lei Áurea, após intensa luta de ativistas abolicionistas do período imperial do Brasil, como o jornalista e advogado negro Luís Gamaa população negra permaneceu sem qualquer tipo de assistência.

Muitos escravos recém libertos permaneceram nas fazendas onde eram cativos por não terem para onde ir. A grande maioria dessa população era analfabeta e não sabia outro ofício, além do trabalho intenso e pesado das lavouras.