Saúde Mental é tema das ações promovidas pela Secretaria Municipal de Saúde esta semana

 

Para marcar o Dia Nacional da Luta Antimanicomial (18 de maio), a Prefeitura de Barra Mansa, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, realiza uma série de eventos para levar conscientização sobre o tema à população. A programação começou na terça-feira, 17, com a exposição de artes “Nós existimos e ocupamos a praça” e a exibição do documentário “Em Nome da Razão”, ambos realizados no Centro Universitário de Barra Mansa (UBM).

Já na manhã desta quarta-feira, 18, a programação continuou com o evento “Saúde Mental da Praça”, incluindo exposições de artesanato, distribuição de material informativo e apresentação de capoeira. A atividade foi realizada na Praça da Matriz, no Centro, com participação de funcionários e usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Um dos participantes foi o jovem João Victor Sales Dutra, de 20 anos. Sua mãe, Andréa Fonseca Sales, contou que percebeu uma agitação no filho quando ele começou a frequentar a escola aos 3 anos de idade. Isso fez com que ela procurasse ajuda no CAPS i, onde João foi diagnosticado com autismo. “Ele tem ido uma vez por semana e participa de várias atividades, como jogos e oficinas de desenho e canto”.

Outro atendido na cidade é o artesão Claudionor de Almeida, de 58 anos. Ele contou que desde a infância enfrentou problemas com o alcoolismo, chegando a ficar internado em coma aos 8 anos de idade. Apesar de já ter ficado períodos sem beber ao longo da vida, Claudionor contou que não conseguiu evitar as recaídas, até, finalmente, buscar ajuda no CAPS AD de Barra Mansa.

“Lá, nós damos depoimentos, falamos do mal que o álcool fez em nossas vidas. Não queremos voltar para o que vivemos. Já cheguei a dormir em papelão na rua”, revelou Claudionor, que após conflitos familiares ficou sem residência fixa, até ser acolhido pelo Centro POP. Hoje ele mora no Abrigo Municipal, no bairro Siderlândia.

A coordenadora do Programa de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas de Barra Mansa, Maria Elvira da Cunha Dias, destaca a importância da mudança de mentalidade nos últimos anos:

“O Movimento de Luta Antimanicomial consiste em um diálogo de conscientização com toda sociedade, do público ao privado, para promover e conscientizar todos de que os portadores de transtornos mentais não representam ameaça ou risco ao círculo social. Ao contrário, o estar incluído é um componente fundamental para sua recuperação. Por outro lado, se faz necessário trabalhar a compreensão sobre os transtornos mentais, não como um estigma, mas um modo alternativo de ver e estar no mundo. O respeito e a conscientização são norteadores para a forma de enxergarmos as diferenças existentes no mundo”.

Maria Elvira destaca também que os CAPS têm como ferramentas o atendimento individualizado, com rodas de conversa, oficinas artísticas e o tratamento terapêutico individual e em grupo. Dessa forma, é oferecido um tratamento ambulatorial mais humanizado. Em caso de necessidade de internação, é o próprio CAPS, a família ou a comunidade que encaminha o paciente para leitos de saúde mental em hospitais gerais que oferecem internação de curto prazo.

 

LOCAIS DE ATENDIMENTO

Barra Mansa atualmente conta com três unidades do CAPS, cada uma com foco em um público específico:

– CAPS i ESTAÇÃO VIVER: crianças e adolescentes com transtornos mentais e uso de álcool e outras drogas. Está localizado na Rua Francisco Vilela de Andrade Neto, 337, Centro – tel: (24) 3323-6077.

– CAPS II ESTAÇÃO MENTAL: adultos com transtornos mentais. Localizado na Rua Cristóvão Leal, 43, Centro – tel: (24) 3323-0275.

– CAPS AD ESPAÇO REVIVER: adultos em uso abusivo de álcool e outras drogas. Localizado na Rua Professor Pedro Vaz, 57, Centro – telefone (24) 3323-5005.

 

PRÓXIMAS ATIVIDADES

Ainda nesta quarta-feira, 18, vai ocorrer em Barra Mansa a roda de conversa “O caso Damião Ximenez”, a partir das 18h30, no UBM.

Para fechar a programação, na quinta-feira, 19, às 18h30, será realizada a palestra “Um olhar sobre os manicômios judiciários: Interface Direito e Reforma Psiquiátrica”. As inscrições para participação podem ser feitas pelo link: https://shre.ink/yn2.

 

IMPORTÂNCIA DO TEMA

A Reforma Psiquiátrica no Brasil teve como grande inspiração o trabalho do psiquiatra italiano Franco Basaglia, que revolucionou o tratamento de pessoas com transtornos mentais, a partir da década de 1960. Com os resultados positivos alcançados na Itália, a abordagem de Basaglia passou a ser recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), fazendo com que a discussão chegasse a outros países.

O projeto de reforma psiquiátrica no Brasil foi apresentado em 1989, tendo sido aprovado e sancionado, após 12 anos, como a Lei nº 10.216/2001. Isso marcou o fechamento gradual de manicômios e hospícios que haviam em grande quantidade pelo país. Em substituição a essas instituições, o Ministério da Saúde determinou, em 2002, a criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), que são espaços para o acolhimento de pacientes com transtornos mentais, em tratamento não-hospitalar.